Dia da Consciência Negra
A partir de 1978 o Movimento Negro começou a comemorar o dia 20 de novembro como Dia da Consciência Negra, como crítica à data de 13 de maio, muitas vezes ensinada pela história oficial como um gesto individual da princesa Isabel. Se por um lado a lei áurea aboliu a escravidão no Brasil após dura luta dos escravizados e dos abolicionistas, por outro não trouxe condições de igualdade entre as populações negras e brancas até o presente.
A data de 20 de novembro foi escolhida devido ao dia da morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, símbolo da resistência dos escravizados à dominação escravista e que durou cerca de 100 anos. Oficialmente, foi apenas em 2003 que o dia 20 de novembro foi reconhecido no calendário escolar como o Dia da Consciência Negra, através da Lei nº 10.639, e somente em 2011 o dia foi oficializado nacionalmente para além do âmbito escolar pela Lei nº 12.519.
Para construir a igualdade racial no Brasil, após lutas com protagonismo do Movimento Negro e de antirracistas, foram criadas políticas de cotas para negros ingressarem no ensino superior público. Políticas afirmativas desse tipo se estenderam para pessoas de baixa renda, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, pessoas trans e outros segmentos sociais nos cursos de graduação e pós-graduação.
Divulgada em novembro de 2019, pesquisa do IBGE baseada nos dados da Pnad contínua de 2018 mostram que pela primeira vez o número de estudantes negros (pretos e pardos) no ensino superior público (50,3%) passou o de brancos (49,7%), pela primeira vez. O percentual de pretos e pardos na população brasileira é de 55,8%. Veja em https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/11/pretos-e-pardos-sao-maioria-nas-universidades-publicas-no-brasil-diz-ibge.shtml
O resultado é reflexo das leis e políticas de ações afirmativas dentro das instituições de ensino superior públicas no país desde 2003. Na Universidade Federal de Santa Catarina, atualmente, 50% das vagas de cada curso são destinadas a candidatos de ações afirmativas (negros, indígenas, pessoas com deficiência e/ou baixa renda). Apesar da conquista do direito de ingressar no ensino superior público e de qualidade e do dever das instituições de promover o acesso, ainda há obstáculos a serem superados.
A Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidades (SAAD) em 2017 elaborou uma pesquisa com o objetivo de contrastar o ingresso de negros e brancos na Universidade Federal de Santa Catarina. Foi possível visualizar através do estudo que, mediante a adesão de cotas raciais, o ingresso do estudante negro na UFSC foi crescente. A UFSC tem o mesmo percentual de negros da população de Santa Catarina, em torno de 16%. Os gráficos estão disponíveis no link https://saad.ufsc.br/graficos-evolucao-de-ingressos-de-negros-e-brancos-na-ufsc/